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Decupagem entrevista Francisco Cláudio Tavares

 

1 Através de seus estudos, é possível comprovar que as intenções das empresas em se comprometerem com uma produção sustentável pressupõe investimento financeiro ou esforços diferenciados?

 

 Pressupõe duas coisas: o investimento financeiro é a mãe da atividade do capitalismo. Quando se quer reduzir qualquer máquina que polui, substitui-se a máquina por outra que polui em qualquer nível. Isso pressupõe que o capitalista, que é o mercado, vai aportar recursos financeiros. Alguém tem que lidar, dar ao capitalista ou financiar esses recursos. Alguns bancos abrem linha de crédito para as empresas no intuito de que reduzam os impactos ambientais. Por outro lado, principalmente por causa da Eco 92, as empresas começaram a reduzir linha de recursos naturais. O conceito de hoje é que os recursos são absolutamente escassos. Muitas empresas trabalham nas duas pontas: substituir as máquinas que poluem e, mudar receita de produção para consumir menos matéria prima e menos insumos. 3:59

 

2 – ver pergunta com Paloma

 4:18 – A empresa só investe se ela tiver lucro. Se a empresa tem recursos próprios ela investe. Ex.: ela tem 5 milhões, vai ao mercado e pergunta quanto se paga por esses 5 milhões. A empresa se pergunta: Se eu sou uma empresa que polui e na minha instituição existe uma norma para reduzir a poluição, quanto custa não aplicar esse dinheiro para reduzir a poluição? Por exemplo, uma multa de 50 milhões, a empresa deixa de investir 5 milhões para comprar uma máquina nova para refazer o processo de produção e pode ser multada em 50 milhões. O empresário decide pegar os 5 milhões e aplicar na empresa e reduzir a poluição. Se o mercado tem concorrência, as outras empresas começam a reduzir os impactos ambientais, fazem isso através de marketing , vão a TV, patrocinam congressos e dizem: Nós poluímos menos, a outra empresa continua poluindo. Um grupo de consumidores se desloca para a empresa que polui para a que não polui. Para não gastar 5 milhões em uma máquina nova a empresa perde mercado e fica “suja na praça”. Empresas que ficam com nome “sujo” não se recuperam. O empresário tem que ter esse leque de opções. Se ele não investir em minimizar os impactos ambientais, ele pode perder toda a clientela. 6:25

 

3 – A política de preservação realmente alcança os resultados necessários para a manutenção de um planeta sustentável, ou os números mascaram uma realidade que mostra que para solucionar a situação as ações deveriam ser mais severas?

 

6:41 - Essa é uma questão importante. Quando ela diz que pode jogar no rio até

1 kg de determinado produto a pergunta é: qual grau de certeza absoluta que a ciência tem? Ela não tem. Ela faz teste de laboratório, pula um conjunto de variáveis e diz que tal produto pode ser dispersado, até 1kg. Mas, quem garante que 1kg não tem efeitos colaterais? Não poderia ser ½ kg? Os motores de carros eram totalmente poluentes, por exemplo, de 0 a 100, era 100. Hoje, é 60 e, mesmo sendo 60 eles produzem e ajudam o efeito estufa. A cada passo que a ciência dá, os dados anteriores podem e devem ser reduzidos. Esse é o impasse da inteligência humana. Aonde a inteligência chega ela diz, até 1kg uma vez por dia. Quando a inteligência, a metrópole avança, 1kg passa para ½ kg. Cada mudança implica em custo, e quem vai pagar? O Estado, os consumidores ou a empresa, dependendo em que mercado atua. 8:20

 

4 – . O professor saberia citar alguns exemplos de ações que empresas da região poderiam tomar a fim de evitar o aumento da poluição e também, ações que aumentem as chances da regeneração da flora e fauna local?

 

8:33 – Exemplo clássico  de um setor que é altamente impactante, que junta e reúne um conjunto de itens que no global, afetam a comunidade, o meio ambiente é o setor de papel e celulose. O que se sabe hoje, principalmente da Cia Suzano, é que ela atua fortemente para reduzir esse impacto. Uma de suas ações é que ela capta água do rio Tietê e devolve igual ou melhor  do que estava. Esse é um processo extremamente necessário. Sem água não tem celulose, sem celulose não tem papel, sem papel não se escreve. O insumo água, que é o mais importante de todos os insumos, teve que ser recuperado e ao mesmo tempo economizado para aumentar a produção. Aumentando a produção aumenta a venda; aumentado a venda aumenta o lucro, aumentando o lucro alguns ficam mais ricos. 10:16

 

5 – O professor conhece algum caso, em que uma empresa fez o marketing de sua marca em cima de comprometimento socioambiental, sendo que mais tarde, provou-se que as ações não condiziam com a realidade?

 

10:28 – Dois grandes casos: o acidente em Cataguazes em MG e, um caso recente que está em investigação. O tanque vazou e a pergunta é: a manutenção viu aquilo? Até um dia antes essas empresas chamavam a comunidade, universitários, imprensa para visitar a empresa e mostrar os padrões de qualidade ambiental. Esses dois acidentes provaram que se existe todo grau de controle, existe também uma fragilidade. O pressuposto é que cada grau de fragilidade, o custo, o investimento e o acompanhamento são maiores, mas que também tem um custo. O cliente aceita pagar esse custo? A empresa aceita reduzir seus lucros para um alto grau de controle ambiental. Alguns casos no Brasil mostram que embora a tecnologia, o acompanhamento do ser humano, parâmetros que são desenvolvidos pela ciência, sempre existe o risco. Alguns autores trabalham consciente que nós vivemos em sociedade de risco. 12:13

 

6 – Em sua opinião, como a CETESB e as prefeituras da região (pode ser apenas de Mogi) atuam em sua função de fiscalizar as empresas?

 

12:30 – No Brasil, o papel de fiscalização foi relegado a último plano. Uma pergunta: por que alguém precisa fiscalizar alguém? Porque isso é um custo. Por que um policial tem que ficar na rua para ver se o motorista pára o carro antes da faixa? Porque o motorista não é educado. Se ele não é educado, ele vai ser punido, então, precisa de um policial para multá-lo. O preço da multa paga o salário do policial? Não paga. Então nós pagamos para o policial para multar o motorista que não tem educação. Qual seria o paraíso? Todos cumprirem a lei obrigatoriamente. Não precisaríamos ter fiscalização de prefeitura, nem policiamento. Todos cumprem a lei e nós, economizamos esses recursos. A mente humana não funciona assim. A mente humana funciona dentro de um parâmetro. Tem horas que se cumpre rigorosamente a lei, e outras, parcialmente; outra, é melhor não cumprir. Tanto a CETESB quanto as prefeituras tiveram principalmente no governo Collor, uma parte do governo do governo FHC reduzida toda a função de fiscalização. Isso levou algumas empresas a abandonarem seus padrões, pois, fica mais barato deixar assim. O estado diz que não pode contratar porque não pode pagar, e quando nós vemos casos como esse do vazamento, a sociedade se levanta e diz que seria melhor prevenir. A questão que a sociedade precisa discutir é quanto custa prevenir e quanto custa fiscalizar. Talvez prevenir custe menos do que fiscalizar. 14:43

 

7 – É possível afirmar que a Cia. Suzano Papel e Celulose, através do Parque das Neblinas (iniciativa mantida pelo Instituto Ecofuturo —fundado pela empresa) consegue devolver ao meio ambiente o que extrai, não causando um impacto ambiental maior do que é possível reparar?

 

15:09 – Se não tivesse o Parque das Neblinas, já teriam detonada àquela área. Se não fosse monitorado todo espaço poderia ser sítios com piscinas. A Suzano estando lá evitou que isso acontecesse; é um ganho imenso. Por outro lado, a operação da fábrica de produzir celulose é uma operação altamente impactante. Trabalham com produtos altamente nocivos que precisam ser acompanhados rigorosamente. Ter o Parque todo controlado, e isso é um custo para a Suzano, ao mesmo tempo que a fábrica, no seu projeto de produção que é um processo diário, tenta reduzir os impactos ambientais que ela pode. É melhor isso do que o Parque completamente desmatado. Enquanto qualquer fábrica puder reduzir o seu impacto ambiental e suas variáveis negativas, melhor para todos. Várias fábricas de papel e celulose têm parques. Alguns autores dizem que é uma grande bobagem; o sujeito só está se desculpando. Mas vamos pensar que se não fosse assim seria pior. Talvez é melhor que seja assim, enquanto a sociedade também pressiona, a tecnologia se desenvolve, as leis estão sendo montadas e aplicadas, que é o caso da CETESB, ao mesmo tempo é uma área de pesquisa e estudo e também de fiscalização. Podemos apontar para uma melhora que está acontecendo. A questão ambiental é urgente. 17:53